O mundo corporativo é um ambiente que exige uma das mais fortes soft skills que o ser humano pode desenvolver: a coragem. A vida profissional nos coloca frequentemente em situações que fogem de nossa zona de conforto e, por vezes, o primeiro pensamento das pessoas é ativar o modo de fuga.
Essa atitude foi nomeada como “Síndrome do Avestruz” pelo pesquisador Joaquim Santini, e refere-se ao comportamento de evitar situações ameaçadoras ao invés de enfrentá-las adequadamente. A expressão baseia-se na crença popular de que os avestruzes enterram suas cabeças no chão quando se sentem ameaçados, mesmo com os corpos expostos e vulneráveis na superfície.
O medo sempre foi um fator paralisante na história da humanidade, mas também um impulsionador da nossa evolução. Quando precisávamos lutar para sobreviver, era o medo que nos colocava em modo de defesa perante situações de extremo risco, e foi ele que fez com que chegássemos até aqui hoje.
Embora o mundo corporativo não ofereça riscos iminentes à vida, o ambiente de trabalho pode ser assustador em alguns momentos, com inúmeras cobranças, pressões diárias, expectativas, metas e até alguns conflitos internos. Muitos profissionais acabam trocando de empresas várias vezes durante a carreira justamente por não conseguir lidar com esses conflitos.
A cultura da empresa pode desenvolver essa síndrome?
A resposta é sim! Especialmente entre as companhias com culturas mais hierárquicas, nas quais a tomada de decisão parte de cima para baixo, criando um ambiente onde os colaboradores sentem-se ainda mais desencorajados para expressar suas preocupações. É fundamental que as empresas incentivem a harmonia interna, permitindo espaço para debates e opiniões divergentes.
Qualquer profissional pode desenvolver a síndrome, mas algumas posições estão mais suscetíveis. Cargos de gestão são mais propensos pela frequência com a qual precisam lidar com desafios complexos. Em seguida, vêm os profissionais técnicos, principalmente diante de situações que alteram seus processos diários de trabalho. Uma atenção especial também deve ser dada aos profissionais introspectivos, justamente pelo comportamento de esquiva mediante crises.
A seguir, confira importantes insights da empresa de recrutamento e seleção Robert Half sobre como evitar a Síndrome de Avestruz. São medidas que os líderes podem tomar para ajudar nesse processo e motivar os times:
- Proximidade: é importante que as lideranças tenham momentos reservados com cada integrante da equipe, tendo a oportunidade de conhecer melhor seus pontos fortes e fracos, elogios e angústias;
- Aprendizado: estimular os colaboradores a aprenderem mais deve ser uma prioridade da liderança, além de promover o crescimento interno na empresa por meio do lifelong learning;
- Comunicação: mostrar com clareza e regularidade a importância de cada integrante da equipe, dando ênfase às expectativas e missão de cada um dentro da empresa. Sempre que possível, compartilhe as conquistas e resultados alcançados com base nas ações de cada um;
- Interação: crie oportunidades para que os times troquem conhecimento e experiências, fortalecendo a interação com outros departamentos. Além de estreitar vínculos, também oferece uma visão mais abrangente da organização.
É importante que as organizações criem espaços seguros para diálogos abertos, além de uma cultura organizacional mais acolhedora, que retire o medo de que ali é um espaço punitivo. Empresas que priorizam a humanização em seu ecossistema, enxergando seus colaboradores como o seu mais valioso recurso, estão mais propensas a criar uma cultura voltada ao desenvolvimento, o que resulta em crescimento e resultados positivos para todos.
Com informações Robert Half